lana caprina

Saturday, October 28, 2006

Para ler em voz alta (47)


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

LUÍS DE CAMÕES [s.d.]

Labels:

3 Comments:

  • At October 29, 2006 12:08 am, Blogger José Borges said…

    que cheirinho a canela... (é a sensação que tenho ao ler Camões)

     
  • At November 08, 2006 2:08 pm, Anonymous Anonymous said…

    Oh meu caro Borges! Com um comentário destes presumo que gostaria antes que a Fábrica dos Pastéis de Belém estivesse situada junto ao Cemitério dos Prazeres ou, quiçá, adjacente ao Cemitério do Alto de S. João...

     
  • At November 08, 2006 6:49 pm, Blogger José Borges said…

    Não vou tão longe, mas podiam abrir uma barraquinha ao pé do Panteão Nacional!

     

Post a Comment

<< Home