lana caprina

Wednesday, September 28, 2005

A poesia romântica

É a mesma selvática, ingénua, caprichosa e aérea virgem das montanhas que se apraz nas solidões incultas, que vai pelos campos alumiados do pálido reflexo da lua, envolta em véus de transparente alvura, folga no vago e na incerteza das cores indistintas que nem oculta nem patenteia o astro da noite; - a mesma beldade misteriosa que frequenta as ruínas do castelo abandonado, da torre deserta, do claustro coberto de hera e de musgo, e folga de cantar suas endechas desgarradas à boca de cavernas fadadas - por noite morta e horas aziagas.

ALMEIDA GARRETT, do Prefácio a Adosinda [1828]

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